Num universo de números em geral imprecisos, porém nada desprezíveis - estima-se que em São Paulo existam mais de 12 mil restaurantes, considerando dos mais simples aos mais sofisticados -, são poucas as casas que chegam aos 30 anos. E são pouquíssimas as que conseguem completar tanto tempo de atividade mantendo a relevância gastronômica. Às portas de comemorar meio século de vida, o Bassi vai demonstrando que faz parte desse restrito grupo.
Não devem ser poucos os dilemas de quem sobrevive tanto tempo num mercado competitivo como o paulistano. É preciso mostrar evolução, mas sem desprezar a tradição. É necessário usar o passado como um trunfo, não como um peso. É fundamental transformar a clientela fiel em capital de credibilidade para atrair novos visitantes.
Marcos Bassi, que fundou sua churrascaria em 1979, parece conhecer a fundo essa cartilha. O açougueiro que vendia miúdos de carne de porta a porta, já criava e fornecia cortes nobres, quando isso ainda era novidade. Depois trabalhando com a churrascaria, Marcos Bassi criou cortes com a Fraldinha, Bombom e Steak do açougueiro, que são referência de cortes nobres até hoje.
Uns poucos anos atrás, Bassi (hoje Templo da Carne) dava a impressão de que seria irreversivelmente ultrapassado pelas steak houses mais modernas. É ótimo constatar que a expectativa se reverteu e que o Bassi se impôs pela excelência dos grelhados - algo que depende de uma extensa cadeia que vai da escolha da matéria-prima ao manejo sobre as brasas. Investiu, enfim, naquilo que é sua expertise primordial. Isso é essencial para a saúde gastronômica de uma cidade: ter quem sempre coloque a comida em primeiro plano.
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